Embora o crescimento de 2,9% do PIB em 2023 ter sido maior do que o inicialmente previsto, puxado pelo agronegócio, a segunda metade do ano foi marcada pela estagnação, com a economia brasileira registrando dois trimestres seguidos de desempenho nulo. Apesar disso, economistas esperam um aumento do fôlego da atividade neste início de 2024 e já se fala em crescimento de 0,6% no primeiro trimestre.

Mas a aceleração mesmo deverá vir na segunda metade do ano, quando a atividade começará a sentir os efeitos da redução dos juros, que devem chegar a 9% ao ano, de acordo com as expectativas. Gabriel Couto, economista do banco Santander, destaca que a retomada do pagamento dos precatórios — como são chamadas as dívidas dos governos com pessoas e empresas cujo pagamento já foi reconhecido em decisões judiciais —, iniciado no fim do ano passado, deverá gerar um aumento na renda das famílias neste início de ano, sustentando o consumo. Alguns bancos e consultorias começam a preparar as revisões das estimativas para este ano. O Itaú informou em relatório que está prevendo 1,8%, mas com viés de alta para a estimativa. Para a economista do banco, Natália Cotarelli, o mercado de trabalho ainda aquecido e o reajuste do salário-mínimo impulsionarão a atividade este ano.

Nem mesmo a queda de 0,2% no consumo das famílias no quarto trimestre de 2023 ante o terceiro preocupa a economista:
— Tínhamos essa desaceleração na conta. Ela veio um pouco mais forte no fim do ano passado, mas, se olharmos, foi em especial no consumo de bens, nem tanto de serviços. Tem tudo para retomar ao longo deste ano, principalmente no primeiro trimestre.

A XP também está revisando suas projeções. Atualmente, está em 1,5%, mas deve subir para próximo de 2%. Na visão de Silvia Matos, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), o ritmo da economia neste ano será menor do que em 2023 por causa e uma expansão mais fraca da indústria extrativa, da agropecuária e do setor de serviços. A característica do PIB deste ano é diferente: começamos mais devagar e vamos acelerando à medida que os juros caem. Já 2025 deverá ser melhor, puxado novamente pela agropecuária e pela indústria extrativa, com novos poços de petróleo entrando na conta.